27º Top Of Mind de RH

Por que estimular o intraempreendedorismo nas empresas

Por que estimular o intraempreendedorismo nas empresas?

Cada vez mais transformador, diverso, inclusivo e digital, o mercado de trabalho é sempre palco de inovações. Com públicos mais participativos, conectados e atentos ao que as organizações fazem dentro e fora de suas paredes, é sempre um desafio para qualquer empresa renovar e oferecer serviços, produtos e propósitos que atraiam o consumidor e o profissional modernos.

Diante desse cenário de crescente busca por caminhos que as mantenham competitivas, as organizações precisam ser criativas e adaptáveis para que seu viés inovador não perca força. Muitas vezes, a solução para ter novas ideias e alcançar tal objetivo não precisa ser buscada em guias, listas de tendências ou distante do ecossistema da empresa. Dentro do próprio negócio, com um trabalho que incentive o intraempreendedorismo, as lâmpadas podem se ascender.

O que é o intraempreendedorismo?

O conceito pode ser entendido como uma prática que coloca o colaborador no centro da estratégia. Em outras palavras, remete não àquelas práticas que impõem ao profissional uma rotina que não sai do padrão ou que segue a risca metodologias traçadas, mas sim a um trabalho que o incentive a sair fora da caixa, que o motive a ter novas ideias e que dê suporte para que ele tenha uma participação ativa nos processos e produtos que integram o negócio.

“Incentivar o intraempreendedorismo reforça a cultura e ajuda a reter talentos. Quando a empresa compreende isso, percebe que, para além de qualquer benefício tangível, essa ação intangível pode se converter em um diferencial competitivo valioso”, pontua Fabricio Saad, professor titular para os temas digital e inovação na pós-graduação da ESPM.

O educador esclarece que, uma vez que a organização oferece condições para que o potencial de intraempreendedorismo de seus colaboradores ganhe força, ela fortalece o seu poder de inovar. Para estruturar a prática, Saad recomenda que a gestão implemente uma cultura aberta e que se reflita em iniciativas e metodologias de cocriação, como o design thinking. Além disso, ele reforça que a liderança tem o papel de empoderar e incentivar seu time de trabalho.

“A estruturação de qualquer programa com um enfoque assim necessita considerar o ambiente e o empoderamento dos colaboradores por meio de uma liderança que incentive e valorize a importância do tema, não se esquecendo das variáveis envolvidas, como um modelo econômico-financeiro que permita ao colaborador empreender e desenvolver suas ideias enquanto atua na organização, e como o erro. Deve-se haver tolerância ao erro, típico do empreendedorismo, pois a falha faz parte da aprendizagem”, diz.

Mudança de cultura

No recorte brasileiro, não é tão difícil entender porque as empresas que estimulam o intraempreendedorismo ganham pontos na atração de bons talentos. Segundo o GEM (Global Entrepreneurship Monitor), nem mesmo 1% dos colaboradores atuam como intraempreendedores no país, o que mostra que há um baixo incentivo para que eles desenvolvam projetos dentro das organizações.

Fabricio Saad destaca que a ideia de intraempreender ainda faz parte de poucas culturas empresariais. Países como Estados Unidos, Austrália, Reino Unido e Israel largam na frente, enquanto a América do Sul, como um todo, ainda tem baixa adesão ao tema.

O educador da pós-graduação na ESPM, que fomenta o incentivo ao intraempreendedorismo, faz questão de salientar que as empresas perdem ao não abrirem a mente para o quanto o conceito, quando bem implementado, pode solidificar sua cultura organizacional, aumentando o engajamento e o sentimento de pertencimento das pessoas.

“A questão que todo bom gestor deveria se perguntar é: para onde vai esse talento com a sua ideia se eu não o apoio? Por trás de uma ideia – mesmo que ela possa parecer absurda – pode estar escondido um outro grande negócio”, afirma. Saad recorda o exemplo do post-it, desenvolvido em 1968 quando o Dr. Spencer Silver, que trabalhava para a empresa 3M, acabou criando o produto de forma acidental enquanto tentava melhorar a funcionalidade das colas para fitas adesivas. Anos depois, o post-it se tornou o produto mais valioso da 3M.

Foco no estímulo

Para alavancar o intraempreendedorismo e as pessoas que fazem parte dele, Saad elucida que não há uma receita de bolo a ser seguida, mas sim práticas que podem contribuir para aperfeiçoar e estimular o lado empreendedor de quem tem talento para inovar.

“Acredito no potencial de um bom coaching – essencial a qualquer empreendedor – dentro da própria organização, com treinamentos diversos e focados nos mais diferentes tópicos, como marketing, finanças, inovação, etc. Na ESPM nos orgulhamos de ter muitos (e bons) programas e cursos voltados para isso. O mix entre RH, tecnologia, finanças e processos traz componentes para fazer o intraempreendedorismo dar certo”, finaliza o professor.