Você já ouviu falar em “liderança humanizada”? O conceito é unânime no atual “manual do bom líder”, representando um estilo de liderança que coloca as pessoas no centro das decisões e práticas organizacionais. Além disso, tal modelo busca se distanciar um pouco do padrão “metas e resultados” como prioridade de abordagem e visa priorizar o bem-estar, a qualidade de vida e as necessidades emocionais dos colaboradores.
Mas será que, no papel, é simples colocar esse modelo em prática? Ele se sustenta em tempos nos quais a empresa está mais pressionada? Para entender um pouco mais sobre o conceito e sua aplicação, entrevistamos Aliesh Costa, Fundadora e CEO da Carpediem Consultoria. Confira:
Top of Mind de RH: Quais são os maiores desafios para aplicar, na prática, a liderança humanizada? E como capacitar os líderes?
Aliesh: A liderança humanizada, apesar de ser altamente valorizada, enfrenta desafios na sua aplicação prática. Um dos principais desafios é a mudança de mentalidade necessária tanto para líderes quanto para organizações. A transição de uma liderança tradicional, focada em resultados, para uma abordagem humanizada requer um compromisso contínuo com a empatia, comunicação aberta e compreensão das necessidades individuais dos colaboradores.
Outro desafio é equilibrar a demanda por resultados com a necessidade de criar um ambiente de trabalho que priorize o bem-estar e o desenvolvimento pessoal. Líderes humanizados devem ser capazes de tomar decisões difíceis enquanto permanecem compassivos e conectados com suas equipes.
Além disso, é fundamental que a alta gestão da organização esteja igualmente comprometida com a multiplicação dessa liderança humanizada. É importante que esse movimento seja impulsionado de cima para baixo, garantindo que a liderança humanizada seja incorporada não apenas nas interações diárias, mas também nas grandes decisões estratégicas da empresa. Quando a alta gestão apoia e fomenta essas práticas, elas ganham força e se enraízam mais profundamente na cultura corporativa.
Top: Todo líder pode aprender a ser um líder humanizado? Ou o modelo só é funcional para algum determinado tipo de perfil?
Aliesh: Embora algumas pessoas possam ter uma predisposição natural para a liderança humanizada, acreditamos que qualquer líder pode desenvolver as habilidades necessárias para adotar esse estilo de liderança. A chave está na disposição para aprender e na abertura para receber feedback.
Líderes que são naturalmente empáticos, bons ouvintes, e que demonstram uma preocupação genuína com o desenvolvimento de seus colaboradores podem encontrar mais facilidade em adotar práticas humanizadas. No entanto, com o treinamento adequado e o suporte certo, líderes de todos os perfis podem aprender a aplicar os princípios da liderança humanizada de maneira eficaz.
Top: Esse estilo de liderança consegue se sustentar quando a empresa vive algum período de crise ou de maior pressão por resultados?
Aliesh: Sim, é possível ser um líder humanizado mesmo em cenários de alta pressão. Na verdade, em momentos de maior cobrança por resultados, a liderança humanizada pode ser ainda mais crucial. O equilíbrio se mantém ao cultivar uma comunicação transparente e ao demonstrar empatia e compreensão pelos desafios enfrentados pelas equipes.
Líderes humanizados em ambientes de alta pressão precisam ser capazes de estabelecer prioridades claras e oferecer suporte adequado para suas equipes, ao mesmo tempo em que gerenciam expectativas de maneira realista. Isso envolve não apenas foco nos resultados, mas também o reconhecimento do esforço e das limitações humanas.
Top: E qual é o papel da Carpediem nesse processo para que líderes desenvolvam suas habilidades mais ‘humanas’?
Aliesh: A Carpediem capacita líderes para enfrentar essas situações através de treinamento em resiliência, gestão do estresse e técnicas de comunicação eficazes, garantindo que eles possam manter a conexão humana mesmo sob pressão.
A empresa está comprometida em auxiliar líderes e equipes de RH a construir uma cultura humanizada nas empresas. Fazemos isso através de uma abordagem integrada que inclui diagnósticos organizacionais, programas de desenvolvimento de liderança, e consultoria estratégica para RH.
Oferecemos workshops e treinamentos personalizados que abordam desde a comunicação empática e a gestão de conflitos, até a criação de políticas de bem-estar no trabalho. Nosso objetivo é equipar líderes com as ferramentas e conhecimentos necessários para implementar práticas humanizadas que não apenas melhoram o ambiente de trabalho, mas também aumentam a retenção e o engajamento dos colaboradores.
Além disso, trabalhamos lado a lado com os departamentos de RH para desenvolver estratégias que alinhem a cultura organizacional com os valores de respeito, inclusão e desenvolvimento humano. E, para que essa cultura humanizada se consolide, é essencial que a alta gestão também esteja dedicada a promovê-la e integrá-la nas decisões estratégicas da empresa. Quando a liderança humanizada é apoiada e impulsionada pelos níveis mais altos da organização, ela se torna um movimento transformador e sustentável, criando um impacto positivo em todos os níveis.