Um dos debates que norteiam o ambiente corporativo na atualidade é a cultura positiva de aprendizagem. A atenção é válida, levando em conta que o conceito permite a criação de um ambiente de acolhimento, respeito à diversidade e que incentive as pessoas a serem curiosas e atentas ao que acontece no seu entorno.
Para que isso ocorra, de forma efetiva, é preciso que as pessoas percebam que podem tentar e inclusive errar, mas, sobretudo, que sintam que estão aptas a colaborarem com o crescimento da empresa, assim com o seu próprio desenvolvimento pessoal e profissional. Quando há incentivo ao aprendizado, os colaboradores passam a ter uma visão mais positiva e de perspectiva futura do lugar ao qual pertencem.
Vale lembrar que as principais necessidades das organizações estão relacionadas à sua existência no futuro, que inclui seus funcionários. Quanto mais espaço e incentivo houver para aprendizagem, mais longeva a organização será. Isso se reflete na sua capacidade de adaptabilidade, transformação e inovação, que são premissas estabelecidas no mercado para uma empresa estar em pé de igualdade para competir com a concorrência.
Tão importante quanto a adequação dos processos ao contexto de inovação e transformação é contar com líderes preparados para enfrentarem as mudanças e desafios que surgem, já que esses personagens atuam como interlocutores diretos entre o board (conselho administrativo) da empresa e os seus colaboradores. São os gestores que vão expressar os objetivos, metas e visão de futuro que a empresa busca.
Em outras palavras, o líder passa a ter um papel central no processo de implementação de uma cultura positiva de aprendizagem. O líder deve ser preparado para exercer uma função que privilegie o aprendizado, promovendo ações que direcionem e orientem as pessoas a participarem de maneira ativa no processo de aprendizado.
Afinal, caberá a ele a responsabilidade de conduzir e implementar as mudanças que exponenciem o aprendizado. Às vezes, pequenas alterações no cotidiano da equipe podem trazer benefícios significativos.
Do mesmo modo, os gestores devem incentivar as conversas de corredor ou na pausa para o café, almoços coletivos, celebração de datas comemorativas e dos aniversariantes. Lembrando que esse movimento deixa a equipe mais confortável e disposta a interagir ou trocar experiências. Um dos principais tipos de aprendizagem é a informal, portanto, se os indivíduos se sentem bem para conversar no ambiente de trabalho, dificilmente não haverá aprendizado.
Promover trocas de postos temporários, permitindo que as pessoas tenham a oportunidade de aprender tarefas diferentes das quais estão habituadas é uma excelente estratégia a ser utilizada pelo gestor que tem a intenção de incentivar a melhoria do desempenho dos integrantes da equipe.
Outra consideração a ser feita sobre a cultura positiva de aprendizagem é o seu papel na agilidade organizacional, crescimento da receita e engajamento dos funcionários. A atmosfera criada pelos saberes compartilhados impacta na produtividade e geração de lucros para a organização. Dito de outra forma, se as pessoas se sentem felizes, produtivas e participantes, sem dúvida elas se engajarão muito mais no dia a dia com os colegas de trabalho e com a missão da empresa.
Em contrapartida, existem lacunas no desenvolvimento de competências dos profissionais que devem ser supridas com treinamento e capacitação. Algumas delas são técnicas, e requerem conhecimentos e habilidades específicas, que são necessárias para o desempenho das funções.
Os motivos podem variar, tendo em vista o avanço tecnológico acelerado ou mesmo pela chegada de novos contextos como, por exemplo, a necessidade de adotar uma cultura ágil e voltada à experiência do cliente. Outros pontos envolvem questões comportamentais. Por isso, a urgência de desenvolver uma equipe que esteja atenta às demandas dos consumidores e que consiga lidar com situações complexas, que exijam atitudes de acolhimento e entendimento como premissas.
A capacitação dos funcionários resulta em melhores formas de atender, apoiar e respeitar o que o cliente está trazendo como insumo, em termos de demandas. Nesses casos, é possível investir em treinamentos que ajudem a criar um ambiente de trabalho no qual as pessoas se reconheçam como equipe e compreendam seu papel frente aos clientes.
Infelizmente, quando há gestores que não incentivam o aprendizado por acharem que os treinamentos podem impactar negativamente na produtividade dos funcionários, é necessária uma reflexão sobre quais são os valores e crenças que estão aparando esse pensamento. Não podemos simplesmente generalizar, mas líderes que não compreendem a importância de contar com uma equipe capaz de criar e trazer soluções coletivas, provavelmente estão imersos em uma cultura que não valoriza o aprendizado, o que pode ser vital para o futuro da organização.
Como já mencionei em outras ocasiões, se não há consciência e decisão por parte do board da empresa indicando que o caminho para a prosperidade passa por ter equipes evoluindo, engajadas e com vontade de aprender, é difícil culpar os líderes e gestores.
Acredito que, sem uma cultura de aprendizagem contínua, a empresa fica obsoleta e perde o “bonde” da história. Afinal, se ela não acompanha as referências do mundo moderno e está descontextualizada das boas práticas que levam à inovação, o cenário pode ser muito sombrio, em termos de manutenção das suas atividades.
Dessa forma, é preciso reforçar que aprender é algo de extrema naturalidade, para qualquer pessoa, em qualquer condição. O que as empresas precisam fazer é criar condições para que a cultura positiva de aprendizagem seja potencializada, contribuindo para sua existência.
Por Maurício Pedro, Gerente de Atendimento Corporativo do Senac São Paulo