A pandemia foi (e continua sendo) um momento de aprendizagem para o mercado de coaching. Diante dos novos desafios e prioridades organizacionais – como os cuidados com a saúde mental dos colaboradores diante de uma panorama de crescimento de transtornos e doenças como burnout, depressão e ansiedade -, os coaches precisaram se reinventar para trabalhar da melhor forma o desenvolvimento de seus clientes.
Para José Roberto Marques, presidente do Instituto Brasileiro de Coaching (IBC), os desafios que envolvem a pandemia não param mesmo com o índice cada vez maior de vacinação no Brasil. O executivo pontua que, do mesmo modo que a transição para o home office foi complexa para as pessoas – especialmente por conta do forte impacto social e econômico trazido pela Covid-19 -, a retomada aos escritórios exige atenção.
“A saúde mental passou a ser um assunto muito procurado pelas empresas. O IBC identificou que muitos colaboradores estão voltando às atividades presenciais de seus trabalhos com muitas travas e inseguranças advindas da pandemia. Grande parte desses profissionais, por exemplo, tiveram perdas. A integração de muitas equipes foi abalada, a sensação de insegurança passou a fazer parte do dia a dia e isso só trouxe mais ansiedade. É exatamente nesse cenário que as empresas passaram a rever suas prioridades, buscando coaches para recepcionar, integrar seus colaboradores e preparar líderes que consigam lidar com tais questões de forma assertiva”, explica.
Atuação digital
De acordo com uma pesquisa realizada pela consultoria PwC em parceria com a International Coaching Federation (IFC), o contexto pandêmico fez crescer a procura pelo serviço de coaching, o que motivou o aumento nos atendimentos a distância – segundo 74% dos respondentes. Além disso, a crise do novo coronavírus motivou que profissionais da área investissem ainda mais em capacitação e na associação a entidades de credibilidade.
Na América Latina, os coaches sentiram o impacto de ter suas horas de trabalho reduzidas (no Brasil, por exemplo, foi a realidade de 37% dos profissionais entrevistados), porém a região foi a de maior destaque no crescimento de horas dedicadas ao treinamento profissional.
Marques (foto abaixo) salienta que na pandemia os coaches tiveram que fortalecer sua adaptabilidade, característica que também será de extrema importância em meio ao chamado “novo normal”, conceito utilizado por especialistas para representar as transformações que a pandemia trouxe e trará o mercado de trabalho, como o ‘boom’ do modelo híbrido de trabalho.
“A pandemia trouxe a necessidade de adaptabilidade e no panorama do Coaching não foi diferente. Quem não estava posicionado no universo digital teve que se reinventar. Empresas de treinamento, por exemplo, passaram a utilizar plataformas de interação online, em larga escala, e as sessões de coaching também começaram a ser oferecidas nesse formato. De uma hora para outra, saímos do contato físico, da sala de aula para os aplicativos de reunião e aulas a distância. Com isso a sociedade precisou correr em busca de autoridade através da Internet, situação que estamos vivenciando ainda”.
Se reinventar e buscar novas habilidades
A pesquisa da PwC com a IFC reforça a preocupação dos profissionais da área com indivíduos que nunca se especializaram em instituições de credibilidade e se autodenominam coaches. Esta situação foi apontada como o maior desafio da atividade nos próximos meses por 23% dos participantes.
O presidente do Instituto Brasileiro de Coaching esclarece que os profissionais da área devem buscar aperfeiçoar em si mesmos as habilidades que trabalharão com seus clientes. Portanto, é importante que as empresas e pessoas que buscam serviços de coaching se informem sobre as formações e especializações do profissional antes de contratar um serviço.
A respeito das habilidades, Marques elucida que a pandemia trouxe ainda mais destaque a soft skills que fazem cada vez mais diferença para candidatos se tornarem mais competitivos e para líderes desempenharem melhor papel mediantes suas equipes. “Inteligência emocional, resiliência, flexibilidade, adaptabilidade, autorresponsabilidade, empatia, visão de dono e a agilidade para mudar contextos diferenciaram os bons líderes durante o caos trazido pela pandemia”, finaliza o executivo.